sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Tricas, tricas e mais tricas!

Parece complexo mas é muito simples.

Na blogosfera existem blogues de esquerda e blogues de direita, blogues pró governo e blogues contra, blogues colectivos e individuais, blogues e mais blogues.
Um desses blogues, o Simplex foi criado com o intuito de apoiar o PS na campanha de 2009. Conheço alguns dos seus colaboradores. Outros desses blogues apoiam o PS desde 2005 em diante, outros ainda atacam o PS desde sempre. Também conheço alguns dos seus colaboradores. Tudo normal até que a direita, pela voz de Pacheco Pereira e outros vem dizer que não é possível que alguns blogues de apoio ao governo sejam feitos por blogguers normais, porque muito bem feitos e com muita informação disponível de um momento para o outro. Teriam que fazer parte da “central de informações” do governo e teriam que ser feitos por assessores para disporem de tanta informação. Até aqui tudo mais ou menos normal. Mas não se disse só isso; disse-se também que teriam que usar meios do estado, tempo dos assessores, computadores dos ministérios, telemóveis pagos por todos nós, simples contribuintes. E disse mais, disse-se que as autorias dos blogues não correspondem à realidade e que são blogues cujos autores se escondem atrás de um suposto anonimato. Está montado o cenário para mais um ataque político feroz lançado sobre o PS e o Governo. Imagine-se então, blogues feitos por ministros e secretários de estado, que através dos respectivos assessores a actuar em rede e com meios do Estado, se dedicam, com provas documentais e opinião elevada a desmontar tudo o que a oposição lança para os média…

Entretanto, um economista do Porto, de seu nome Carlos Santos, conhecido pelos seus comentários nas caixas dos blogues, se cola à campanha de Sócrates em 2009 e passa a ter intervenção regular num blogue colectivo criado por si próprio, a favor do PS.

Mas vai que o dito economista, hoje muito conhecido por “bufo”, eventualmente desiludido pela falta de retribuição a que foi votado por parte daqueles que apoiou vem confirmar que, de facto, há assessores a escreverem em blogues e que esses mesmos assessores utilizam meios do estado, comprovando os factos com e-mails recebidos dos respectivos computadores.

A história é mais ou menos irrelevante, pois como toda a gente sabe, os assessores políticos dos governantes servem exactamente para isso mesmo, para assessorar politicamente e o próprio Estado até consagra verbas no orçamento para esse efeito. Quanto aos meios utilizados, também é mais ou menos óbvio para toda a gente que são minudências ridículas, porquanto também todos os professores universitários que são blogguers utilizam meios da universidade para o efeito, todos os funcionários públicos o fazem também, assim como todos os empregados ou sócios de qualquer empresa e não é provável que o comuniquem a todos quantos estão, hipoteticamente, a prejudicar. Sejam contribuintes do erário público, cooperantes de qualquer universidade ou patrões da empresa onde trabalham. Estritamente falando, é evidente que qualquer blogguer que queira exercer actividade política, apenas o deveria fazer com meios próprios (o meu caso) ou do respectivo partido. Na prática todos sabemos que não é isso que se passa.

Não sendo relevante a história, não deixa no entanto de marcar a agenda política e entrar nas contas dos ganhos e perdas politiqueiras. Aqueles que há mais tempo andam pela blogosfera sabem que a direita tomou desde cedo a dianteira neste domínio, deixando umas pequenas migalhas à malta do Bloco que, diga-se em abono da verdade, foi sempre bastante participativa. Era portanto uma auto-estrada com tapete vermelho para todo e qualquer ataque ao PS de que se lembrassem. E sem possibilidades de resposta, porque efectivamente a esquerda democrática demorou a arrancar. Os Pachecos tiveram sempre aqui o seu quartel-general, de onde facilmente vertiam para a comunicação social as temáticas que mais lhes agradavam. Ouro sobre azul, portanto. O problema foi ver aparecer toda uma geração de blogguers capaz de contraditar e de faze-lo bem. Capaz de desmontar aqueles chavões que nos surgiam pelos computadores. Capazes até de demonstrar que a “politica de verdade” era, afinal, mentira.
É isto e só isto que alimenta o ambiente intrincado de tricas e intrigas que se tem vivido nos blogues nos últimos tempos. Não se creia porem que se trata de disputas desgarradas, de gente despeitada, pronta a combater pelo seu espaço vital. Não, não é nada disso. É, assim como as escutas e outros acontecimentos, mais um pauzinho na fogueira onde se vai cozinhar o caldo da sucessão de José Sócrates. É toda uma envolvência destinada a marcar posição para o tiro de partida, que a direita e em especial o PSD, suspeita estar próximo.

Pode ser que se enganem…

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